Apoio a CRIANÇAS EM RISCO, Moçambique


on 09-07-2014

A Unidade de Reabilitação Nutricional do Hospital Geral do Marrere pretende dar resposta às necessidades das CRIANÇAS EM RISCO, actuando nas áreas preventiva e curativa e do ensino das mães para melhor cuidados aos seus filhos. Assim, na área preventiva faz vigilância das crianças expostas ao HIV, através da vigilância mensal deste grupo de crianças, dando cumprimento a todas as orientações do Plano de Prevenção de Transmissão Vertical do vírus HIV. Ainda nesta área de prevenção, apoia as mães com problemas que as impedem de alimentar adequadamente os seus filhos (mastites graves, malformações dos seios e mamilos, as crianças gémeas e mães com insuficiência de leite materno). Asseguramos ainda as necessidades nutricionais das crianças órfãs, oferecendo-lhes a oportunidade de crescerem sem privações de nutricionais.
Na área curativa, dá resposta às crianças com desnutrição referenciadas do internamento de Pediatria, da Consulta geral ou ainda da Sala de Peso e Vacinação.
A Unidade está dotada com duas enfermeiras do Ministério da Saúde de Moçambique, duas enfermeiras voluntárias e ainda duas educadoras de pares que colaboram nalgumas actividades desenvolvidas nesta estrutura.
CRIANÇAS ORFÃS 22 (12,6%)
Mastites 19 (11,0%)
Insuficiência leite materno 23 (13,2%)
Apoio desmame 28 (16,0%)
Desnutrição 75 (43,1%)
Hospitalização da mãe 7 (4,0%)
Total 174 100%)

A orfandade atinge um número muito grande de crianças (12,6%) sendo que a maior parte das mortes maternas acontece nos primeiros meses de vida e um número significativo destas mortes são devidas à SIDA. Muitas crianças são cuidadas por avós, com imensas dificuldades no manejo dos biberões, na sua preparação e administração Representa um esforço enorme para estas mulheres, já cansadas da vida, que têm de fazer deslocações frequentes ao Hospital, manejar medicamentos quando as crianças adoecem e atender às necessidades das crianças durante 24 horas por dia. Há que salientar que alguns progenitores do sexo masculino, quando perdem as mães dos seus filhos assumem os cuidados ao filho órfão, situação que tem vindo a acontecer com mais frequência nos últimos anos.
Verifica-se ainda uma grande procura por parte de mães com problemas ligados à amamentação nos primeiros meses de vida o que é motivado por mastites muito graves e insuficiência de produção de leite materno (23,6%). Este grupo de crianças aumentou substancialmente este ano, pois, na cidade de Nampula, somos o único recurso para ajudar a resolver estes problemas.

Actualmente estão em tratamento 166 crianças assim distribuídas

0 aos 6 meses----------- 36 crianças
6 aos 9 meses----------- 32
> nove meses ---------- 98


Para cobrir as necessidades destas crianças desenvolvemos um conjunto de actividades que estão organizadas da seguinte maneira:
• Avaliação da criança (peso, altura, perímetro cefálico e braqueal)
• Triagem das crianças com queixas (rastreio de malária e HIV)
• Preparação para consulta médica (a partir do mês de Junho contámos com o apoio regular de uma médica)
• Sessão de ensino com o grupo das mães sobre temas de alimentação e saúde
• Demonstração da preparação da papa
• Distribuição da refeição às crianças e vigilância do apetite das mesmas
• Distribuição dos produtos a cada mãe
• Distribuição de medicamentos prescritos na consulta e aconselhamento às mães sobre as tomas dos mesmos

A formação é uma área a que damos muita importância. As mulheres podem ser um excelente veículo de mudança nos hábitos de vida, crenças e tradições enraizados particularmente nas que são oriundas dos meios rurais.
Foram realizadas em média 10 sessões em cada mês de trabalho e em média estiveram 29 mães presentes. O tema fundamental foi a alimentação, dado que esse é objectivo prioritário desta Unidade. No entanto foram abordadas muitas outras áreas como: prevenção da malária, prevenção e tratamento da diarreia, controle da febre, sinais de alerta de doença.


RECURSOS FINANCEIROS
Temos contado com o apoio indispensável de várias organizações (HARAMBEE, APARF, FUNDAÇÃO TERESA REGOJO, ASSOCIAÇÃO PADRINHOS DAFRICA, HELPO, ACÁCIA, ATLAS, COMUNIDADE PORTUGUESA EM DANBURY NOS ESTADOS UNIDOS E MUITOS AMIGOS e ainda fundos obtidos pela colega Cecile Rigot na BÉLGICA.

CONCLUSÕES

O facto de dispormos agora de novas instalações foi determinante para a melhoria em diversas áreas do atendimento às Crianças de Risco, nomeadamente:
1 - Permitiu o aumento dos recursos humanos e desta maneira tratar as crianças com incremento da qualidade no seu atendimento.
2 - Tornou possível a individualização da consulta de enfermagem
3 - A triagem e a consulta médica no próprio local melhoraram a vigilância de saúde e follow up das crianças
4 - A administração da primeira dose da terapêutica anti-malárica ensinando ao mesmo tempo as mães a administrar a terapêutica.
5 - A realização de acções de formação
6 - Conseguimos um espaço individualizado para a distribuição dos produtos
7 - Alcançámos uma melhoria significativa no acondicionamento dos produtos alimentares
A responsável
Eugénia Ferreira, enfermeira