Angola: Marcelo Rebelo de Sousa destaca atualidade de tese sobre a Igreja e a guerra


on 13-07-2014


Lisboa, 10 mai 2011 (Ecclesia) – O professor universitário Marcelo Rebelo de Sousa considerou hoje que a tese ‘«Justiça e Paz» nas intervenções da Igreja Católica em Angola (1989-2002)’, do padre português Tony Neves, é um “trabalho único”.
O arguente externo na defesa da tese de doutoramento em ciência política sublinhou a qualidade dos materiais recolhidos sobre o tema como “um conjunto de depoimentos valiosos”.
Apresentado na Universidade Lusófona, em Lisboa, o trabalho científico é visto por Rebelo de Sousa como fruto do esforço de um autor que “viveu no terreno e tem o conhecimento presencial”.
Tony Neves, missionário espiritano, viveu em Angola entre 1989 e 1994.
No seu trabalho de campo, o sacerdote entrevistou várias personalidades da vida angolana – eclesiásticos e da sociedade civil - incluindo Jonas Savimbi, falecido líder da UNITA, e José Eduardo dos Santos, presidente de Angola.
“Chega a ser emocionante ler as entrevistas” aos dois líderes políticos daquele país lusófono, “protagonistas cimeiros do que se passou naquelas décadas”, frisa Marcelo Rebelo Sousa.
Com uma investigação “séria e criteriosa” sobre o ensino da hierarquia em relação aos conceitos de Justiça e Paz, o estudo tem um objetivo: “a Igreja Católica teve um papel, não só de doutrinação, de ensino e de apoio social, mas influência ativa naquele longo conflito”, declarou o arguente.
Apesar de existir uma tese principal no trabalho científico de Tony Neves, para Rebelo de Sousa a “voracidade do candidato e a sua generosidade transforma a dissertação num somatório de teses”.
Na sua defesa, o novo doutor referiu que se não existisse “uma Igreja forte no Huambo (Angola) quando terminaram os combates”, a “barbárie” ter-se-ia “instalado de uma forma continuada”.
No final, o arguente Marcelo Rebelo de Sousa realçou que foi das “melhores defesas de tese” que assistiu em muitos anos de vida académica.
O júri de defesa da tese de doutoramento do missionário espiritano era constituído por três arguentes externos (D. Manuel Clemente, Marcelo Rebelo de Sousa e frei José Nunes) e três arguentes internos (Fernando Campos, Adelino Torres e José Fialho Feliciano, orientador do trabalho), tendo aprovado o trabalho com “louvor e distinção”.
LFS